Filarídeos caninos são alvo de pesquisa de mestrando da FAMEZ

Postado por: Thiago Almeida

Rodrigo Leite Soares, 26 anos, natural de Campo Grande-MS, graduado em Medicina Veterinária e com especialização em Medicina Veterinária Preventiva, ambos pela UFMS, desenvolve sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação de Ciências Veterinárias da UFMS, alocado na FAMEZ. A pesquisa que ele desenvolve tem como objetivo avaliar a ocorrência de filarídeos (dérmicos e sanguíneos) em cães e em seus ectoparasitas (Ex. carrapato, pulga, mosquitos), por meio de técnicas microscópicas e moleculares, como a PCR. A pesquisa é realizada sob orientação do Professor Carlos Alberto do Nascimento Ramos, professor do quadro da FAMEZ.

Os filarídeos mais comuns parasitando cães são: Dirofilaria immitis, Acantocheilonema reconditum e Cercopithifilaria bainae. E todos são alvo do estudo conduzido por Rodrigo.

Armadilhas tipo Falcon modificada, instaladas em domicílio, para captura de mosquitos.

Dirofilaria immitis causa doenças cardiorrespiratórias em cães, além de ser um agente zoonótico (pode ser transmitido para o homem). É transmitido por mosquitos dos gêneros Aedes, Culex e Anopheles. Acantocheilonema reconditum habita o tecido subcutâneo e muscular dos cães, podendo causar úlceras e abscessos na pele, e as vezes são confundidos com Dirofilaria, quando detectados no sangue. Acantocheilonema reconditum é transmitido por carrapatos, pulgas e piolhos. Embora estes dois filarídeos sejam considerados mais importantes no Brasil, Cercopithifilaria bainae vem ganhando destaque por acometer o tecido subcutâneo de cães, ter patogenicidade ainda desconhecida, e ser transmitido por carrapatos.

Rodrigo justifica seu trabalho afirmando que no Brasil, em seu amplo território, existem características importantes para a transmissão das filarioses caninas, devido ao clima e a falta de saneamento básico, que favorecerem o desenvolvimento e a manutenção de uma elevada população de vetores. Além disso, a introdução dessas espécies de filarídeos, em áreas antes livres, pode estar associada à importação ou migração de cães infectados.

Ainda, segundo o Rodrigo, não existe nenhum estudo acerca desses filarídeos em Campo Grande-MS, dificultando o diagnóstico por parte dos veterinários. No entanto, enquanto era residente (entre 2016-2018), ele e o grupo de pesquisa do qual faz parte, identificaram três cães infectados por Cercopithifilaria bainae em Campo Grande. O diagnóstico foi confirmado por PCR e sequenciamento de DNA.

Microfilária de Cercopithifilaria bainae detectado em fragmento de pele de cão Fonte: LADPAR/BIOMOL

Ainda  em 2017, Rodrigo participou de um levantamento de Cercopithifilaria bainae e outros patógenos em carrapatos coletados em cães residentes em Campo Grande-MS, na qual, DNA de Cercopithifilaria bainae foi detectado em 51.51% (17/33) dos carrapatos analisados, indicando que filarídeos caninos estão circulando na região. No entanto, a magnitude e importância clínica e epidemiológica não são conhecidas, e isso o motivou a desenvolver seu mestrado nessa linha de pesquisa.

Ao iniciar seu mestrado, Rodrigo buscou apoio e parceria com a Secretária de Saúde (SESAU), o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e o laboratório de parasitologia humana do Instituto de Biociências (INBIO) da UFMS, formando assim, uma parceria entre o SESAU, CCZ, INBIO e FAMEZ.

Microfilária de Dirofilaria immitis detectado pelo teste de Knott modificado
Fonte: LADPAR/BIOMOL

Para efetuar sua pesquisa, coleta informações junto aos proprietários de cães, e coleta amostras de sangue e fragmento de pele dos cães, além dos ectoparasitas (Ex. carrapato, pulgas) que estes animais possuem. Rodrigo também faz captura de mosquitos que coabitam a casa onde ficam esses animais, por meio de instalação de armadilha luminosa.

As amostras coletadas são processadas no Laboratório de Doenças Parasitárias (LADPAR), no Laboratório de Parasitologia Humana do INBIO e no laboratório de Biologia Molecular/FAMEZ (BIOMOL) da UFMS, por meio de técnicas microscópicas e moleculares.

Rodrigo espera que essa pesquisa contribua para determinar a importância dos filarídeos em cães no município de Campo Grande-MS, possibilitando um melhor controle e prevenção, e evitando consequentemente a disseminação entre os cães.

Quando questionado quanto ao seu envolvimento com a pesquisa em sua jornada acadêmica, Rodrigo disse que foram os estágios nos horários vagos e iniciação científica que lhe incentivaram a buscar aperfeiçoamento técnico e científico, fazendo com que posteriormente ingressasse na residência e atualmente mestrado.  Pelas palavras do mestrando: “A residência foi muito importante para meu aperfeiçoamento técnico e amadurecimento como profissional Médico Veterinário. Já o mestrado tem me proporcionado diversas oportunidades extremamente gratificantes, como desenvolver uma pesquisa de importância em saúde animal e saúde pública, além do prazer de ensinar os alunos de iniciação científica que auxiliam no projeto”. Rodrigo acredita que todo esse processo lhe ajudou a definir sua vocação e agora ele tem como meta tornar-se um Professor/Pesquisador.

Rodrigo ainda deixa um recado para os acadêmicos que se interessam pela pós-graduação lato sensu e stricto senso: “A residência é excelente para adquirirem experiência e segurança profissional para o mercado de trabalho, já o Mestrado e Doutorado são importantes para os que querem desenvolver pesquisas e lecionar. Mas independente do caminho que sigam, façam com amor a profissão”.

E-mails para contato:
Rodrigo Soares – rodrigo_fls@hotmail.com
Carlos Ramos – carlos.nascimento@ufms.br